domingo, 15 de maio de 2016

Livro Negro da Ditadura Militar - Divo Guisoni

Livro Negro da Ditadura Militar - Divo Guisoni 

Nós brasileiros estamos enfrentando tempos conturbados, onde uma Presidenta democraticamente reeleita por 54,5 milhões de votos sofreu um golpe de estado por uma câmara fascista (*detalhe: somente 36 dos 513 deputados foram eleitos pela população*) e do senado e supremo igualmente corrompidos, patrocinados pela elite capitalista pró-imperialismo.

Depois daquele processo do impeachment ilegal, não resta duvida que nosso país já estivesse tomado (*sei lá, desde sempre*) por falsos moralistas, por cafetões do imperialismo e por saudosistas da ditadura militar. O plano dos golpistas é retirar, e já estão retirando, direitos básicos da população e vender nosso país para elites estrangeiras (*no Brasil mal produzimos o que precisamos. Importamos praticamente tudo, da matéria prima dos remédios até papel. Querem sucatear e privatizar tudo. Além disso, estão cortando importantes programas sociais*).

Não se pode negar que o Brasil avançou algo somente nos governos de Lula e Dilma. Concordo que o trabalho do PT ainda não é ideal, precisava melhorar e muito (*ser um governo realmente de esquerda e sem alianças com fascistas*), mas foi o melhor que tivemos em toda nossa história política (*primeiro presidente operário, primeira mulher presidenta, programas sociais de vários tipos e melhor gestão*). Não porque seja um partido bonzinho, mas a situação do Brasil na época da gestão do FHC estava tão critica (300 crianças morriam de fome por dia!!!) que havia grandes chances de acontecer uma revolta popular. Então a elite nacional concedeu espaço ao PT para que o resultado de seu péssimo governo explodisse nas mãos do presidente operário. Só que eles não previram a ascensão. Enfim, o que enfrentamos atualmente é pelo vacilo do PT ter feito acordo com a elite capacho do imperialismo, esta que hoje repete a mesma receita do golpe passado.

É importantíssima a luta da população contra o golpe, pois entre um governo que dá um mínimo de dignidade para a população entre outro que desconsidera direitos básicos e trabalhistas, é preferível lutar ao lado daqueles que governaram nesses últimos treze anos e que mesmo mínimo trouxeram mudanças positivas ao país.

Vivendo os fatos atuais, é recomendado também olharmos para trás, para aquele período nefasto que nosso país enfrentou e que neste momento se repete com a mesma farsa de 54 e concluída em 64.

Livro Negro da Ditadura Militar, de Divo Guisoni, publicado pela primeira vez em julho de 1972 pela Editora Libertação, é um livro-denúncia, escrito, impresso pela gráfica da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e distribuído os 500 exemplares, tudo isso feito na total clandestinidade, no auge da censura, tortura e assassinato da iniciada ditadura em 1964, sob o tacão do general Garrastazu Médici.

No cinquentenário ano do golpe, em 2014, o livro foi reimpresso com o objetivo de trazer para as novas gerações, e para que esta parte da história do Brasil jamais seja esquecida e deturpada, as atrocidades cometidas pela Ditadura Militar (*com as mesmas figuras e suas crias que perduram até hoje*).

O livro traz informações sobre a luta promovida por estudantes, operários, camponeses, intelectuais, religiosos e revolucionários. Expõem conhecidos episódios como o “massacre da praia vermelha”, o do estudante Edson Luiz, a “sexta feira sangrenta”, o Ato 5, de poderosas manifestações, greves e denúncias de casos de tortura e assassinatos em centros de repressão. Inclui depoimentos e outros documentos pouco divulgados, como o caso do poema que narra à revolta no campo e a ação do camponês Manoel da Conceição do vale do Pindaré, no Maranhão, presente no sétimo capítulo “Minha perna é minha classe”. O Livro Negro reúne vários fatos, verifique o índice aqui, que foram e são essenciais para um detalhamento posterior.

Impossível não se indignar com tanta crueldade e injustiça. Ditadura de direita fascista é desta forma: sanguessuga, violenta, intolerante, mentirosa e castradora. Quem tem saudade ou deseja que esta época volte só demostra falta de caráter e de ser um tremendo desumano.

A leitura deste livro na atual situação causou-me um estranho incomodo. Imergi completamente naquelas páginas e senti cada medo, dor, ou seja, cada sofrimento e repressão sofrida. Mas também senti esperança que da união dos trabalhadores, dos estudantes, da população em geral, podemos derrotar o autoritarismo do fascismo.

Sobre o projeto gráfico da segunda reedição, ele é idêntico ao publicado em 72 e o intuito de ser um fac-símile foi proposital para que o leitor atual sentisse-se na época de chumbo.

A impactante arte da capa é obra de Elifas Andreato e acho que ilustra perfeitamente a real face desse regime autoritário (*até me fez lembrar o filme Eles Vivem (1988) (título original: They Live). O filme é bem pastelão, no entanto apresenta uma narrativa interessante que aborda de uma forma clara como o sistema totalitarista de classe controla e manipula facilmente a população*).

A edição fac-símile inclui um livrete com depoimentos daqueles que foram responsáveis pela publicação. Cada depoimento que lia imaginava a tensão constante de serem descobertos e da dificuldade de discutir e ocultar todo o esquema.

Livro Negro da Ditadura Militar, de Divo Guisoni, é um registro de um dos períodos mais tenebrosos da história do Brasil e uma proeza entre tantas resistências.
O terror e a violência da ditadura só estão atiçando ainda mais as chamas da luta, aumentando e concentrando o ódio do povo. (p. 8)